segunda-feira, 21 de dezembro de 2015

O FIM E O COMEÇO SÃO SEMELHANTES

Vez em sempre me surpreendo como pequenas coisas podem me causar tanta tormenta. Pequenos gestos com grandes significados, pequenas frases com tanto o que dizer, pequenos silêncios que dizem mais que tantos livros. A última da vez foi uma frase atribuída a Jorge Bohaczuk, que diz: “O fim e o começo são semelhantes”. Ela vinha acompanhada de uma imagem que mostrava uma senhora bem idosa e uma criança de meses de idade, ambos apoiados em um andador.

O fim e o começo são semelhantes. O óbvio passa a ser tão comum e a gente nem percebe. Àqueles que é dada uma vida longa percebem isso com mais clareza. A pele fina, a falta dos dentes, a notável dificuldade de andar ou se equilibrar, a dependência de outros para fazer as coisas simples que um adulto realiza no modo automático. E sempre um impaciente para criticar as “artes” como se fossem intencionais, por crueldade. Origem e destino nunca foram tão próximos.

O fim e o começo são semelhantes. Quem viveu mais de um relacionamento amoroso pode ter visto isso sem perceber. Os silêncios são longos, as palavras faltam, a sensação de que algo vai mudar nossas vidas muito em breve e aquela vontade de dizer o que sente só aguardando uma ocasião oportuna. Em ambos o passado não importa, o presente parece nunca ter fim e tudo o que se quer é chegar logo num futuro. Com ou sem o outro. Guardadas as devidas proporções, são bem parecidos.

O fim e o começo são semelhantes. Você começa um trabalho sem saber se vai dar conta do serviço e, quando quer sair, às vezes tem a mesma dúvida. O período de experiência, o aviso prévio. Perguntas como “por quê você quer trabalhar nesta empresa?” mudam de sentido quando, em vez de trabalhar, a palavra da vez é “sair”. Erros bobos por desconhecimento. Erros bobos por descontentamento. Papeladas, burocracias e uma vontade de evoluir. Neste caso, também são semelhantes.


O fim e o começo são semelhantes. Mas é que a gente está tão anestesiado de informações, rotinas e agendas durante os meios, que a gente só para pra pensar nos começos e nos fins. E essa cegueira é mesmo uma injustiça, pois a graça da coisa está justamente onde não percebemos. Fins e começos são bem semelhantes, mas não iguais e nem sempre conseguimos enxergar que estamos numa montanha russa: altos, baixos, loopings, e a única certeza que temos é que, quase sempre, a porta de saída está ao lado da de entrada.  

segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

É TEMPO DE...

Até os 10 a gente aprende. Experimenta, explora, questiona e se conecta ao lugar onde a gente nasceu. E este lugar nada tem a ver com localização, mas com o nosso lugar no mundo. Quem sou eu? Quem são essas pessoas que sempre estão comigo? Qual é o sabor disso? E se eu pular daqui? E é aí que conhecemos o limite, a mínima noção do que posso e do que não posso.

Até os 20 a gente culpa. Culpa os hormônios que mudam nosso corpo de uma forma que a gente não pediu. Culpa nossos pais que não entendem as nossas necessidades e nos privam de muitas coisas que os pais dos nossos amigos permitem. Culpa as espinhas, a falta de liberdade, as pressões do vestibular e do mercado de trabalho. A gente se culpa pelo primeiro amor que não deu certo, pelo primeiro porre, pela primeira briga de amor, pelas primeiras dívidas.

Até os 30 a gente se estabelece. É tempo de estreitar os laços feitos que ainda existem e criar outros que podem perdurar pelo resto de nossas vidas. A gente se descobre profissionalmente, adquire maturidade e serenidade para se posicionar em praticamente todas as áreas de nossas vidas: pessoal, profissional, familiar, amorosa e agora também a espiritual. Embora a cobrança seja ainda maior que na adolescência a gente tem a consciência dos nossos objetivos e que as expectativas que os outros criam sobre a gente é de responsabilidade somente deles – e eles que lidem com isso. A gente ainda culpa, mas culpa os dias que ficam mais curtos perto de tanta coisa a fazer.

Ainda estou longe dos 40 e não ouso prever como será o caminho até lá, mas me atrevo a acreditar que seja a fase que a gente se perdoa. Já não há mais lugar para culpas em nossos pensamentos e, quando ela surge, são enfrentadas de forma bem racionais. Faz o melhor que pode com o que tem e, com o que não tem, entende que não há o que fazer. Dúvidas vão surgir durante toda a vida, mas a essa altura a gente já se conhece o suficiente para encarar de frente.


Claro que tudo que escrevi até agora são minhas verdades e cada um que crie e viva a sua. É que num momento em que tantos que com idade próximas a minha estão buscando se conhecer, se culpar ou se estabelecer, hoje eu só quero me perdoar. Te perdoar. Nos perdoar. Porque sem perdão só o que resta é peso e não nasci pra afundar.  

domingo, 29 de novembro de 2015

TRAZ A CONTA, POR FAVOR

Quem pede ajuda nem sempre diz 'socorro'.
Quem pede um beijo nem sempre verbaliza.
Quem pede atenção quase sempre usa de outros meios.
Quem pede briga sempre inventa um motivo.

Quando se trata de sentimento a gente é sempre inespecífico. Pode ser medo, pode ser vergonha, pode não ser nada. Somos sempre confusos nessas horas. “Me vê duas porções de abraço no capricho, amigão?”. “Hum, acho que hoje eu vou querer um ombro pra viagem”. “Garçom, duas doses de realidade, mas com bastante gelo!”.

Quem dera todos os nossos pedidos viessem num menu, com gente pronta pra nos atender e a preços bem acessíveis. Porque pedir sentimento custa. Custa coragem, custa oportunidade e quase sempre custa tempo. E tudo isso pesa na conta. Quando finalmente somos atendidos é de bom tom deixar uma gorjeta a quem nos atendeu, que pode vir em forma de abraço, beijo, ouvido e até mesmo a conta do bar.

O pior é que deixamos a fome apertar para fazer o pedido e aí o estrago pode ser maior. Duas porções de vergonha na cara, uma travessa de amor próprio, duas colheres cheias de verdades inteiras. Ingerir parece libertador, o que demora é digerir tudo isso. Entender nossa necessidade de satisfazer essas funções básicas pode nos poupar de diversos problemas futuros, muitos deles envolvendo terceiros. Daí a importância de uma dieta balanceada de sentimentos.

 Ninguém sobrevive apenas de proteínas, tão pouco de realização profissional. Não conseguimos energia só com carboidratos, muito menos somente de uma vida amorosa em dia. A gente não para em pé com um único complexo de vitaminas, quiçá só com um bom relacionamento familiar. Impossível ser saudável sem equilíbrio. Alimentos ao corpo, sentimentos à alma. Um para dentro, outro para fora. De três em três horas. Em pequenas quantidades.  


quarta-feira, 28 de outubro de 2015

Alguns preferem as estrangeiras, outros as pequenas, há quem goste das grandes, mas eu prefiro as fáceis. As difíceis são encantadoras e mexem com nosso brio, nos fazendo buscar respostas para as perguntas que elas suscitam. As pequenas guardam o universo em si e, embora pareçam frágeis, suportam as mais fortes emoções. As grandes são imponentes e às vezes te fazem perder o ar. Quase nunca sozinhas, elas dependem de outros por perto para que se sustente. As estrangeiras tem lá seu fascínio. Me fazem repetir diversas vezes a mesma coisa para chegar num tom que se aproxime ao nativo.

Mas as que fazem meu peito palpitar são, de fato, as fáceis. Elas são diretas e objetivas. Não deixam dúvidas sobre a que vieram. Servem à todos e não fazem distinção de cor, credo, raça ou classe. São fieis e estão sempre conosco. Agregam, integram, resolvem... universalizam!


E vejam só como são as coisas: sou maníaco por palavras mas é justamente atrás das fáceis que eu corro.   

quinta-feira, 15 de outubro de 2015

O que te expõe pode te esconder
Se o que te para pode te fazer mover
E demora tempo pra entender
Que nada quase nunca é o que parece ser
A gente pensa até demais
A procurar respostas que nos tragam paz

Amor pode até rimar com dor
Mas também com cor, calor, flor
Isso explica porque é tão difícil esconder
O que as vezes só a gente não consegue ver
A gente pensa até demais
A procurar respostas que nos tragam paz

Quantas máscaras você já usou
Entre a quarta de cinzas e o natal?
Quanto tempo leva pra entender ou aceitar
Que já acabou o carnaval?
A gente pensa até demais
A procurar respostas que nos tragam paz

O que mais me irrita não é seu defeito
Mas minha incapacidade de te entender direito
E não saber bem ao certo
A diferença entre tolerância, aceitação e respeito
A gente pensa até demais
A procurar respostas que nos tragam paz

Mania besta essa nossa
De esperar o inesperado
De querer mudar o que já é passado
De querer falar o que é melhor calado
A gente pensa até demais
A procurar respostas que nos tragam paz

Respostas só calam as próprias perguntas
Mas suscitam outras tantas
Que nem sempre é melhor saber
Melhor esperar as surpresas quantas
A gente pensa até demais
A procurar respostas que nos tragam paz


domingo, 16 de agosto de 2015

RECONHE'SER'

Parei uns instantes para enumerar quais as coisas que mais me incomodam em mim, quantas delas eu já resolvi e quantas ainda faltam. Apontar defeitos no outro requer apenas observação e um tanto razoável de senso crítico, mas pra se analisar a gente precisa ir além disso. É necessário nos confrontar com as mentiras que nos fazemos acreditar.

Nunca se consumiu tanta auto ajuda quanto agora. Análise deixou de ser luxo faz tempo. Mais que nunca sabemos o quanto somos especiais – e, de fato, somos -, mas nos esquecemos há uma certa distância entre ser e se sentir importante. Somos estrelas, mas em conjunto somos forçados a formar constelações, galáxias, universos. E é daí que vem nossa inquietação em se entender e, para que a missão seja cumprida, há que ter um pouco de dor.

Eu tinha uma diastema que sempre me incomodou e recentemente pude corrigir. Sempre fui maior que as crianças da minha idade e, por isso, muitas vezes fui proibido de participar de brincadeiras. Também por causa da altura, sou um pouco curvo (falar que sou corcunda seria exagero). Há meses procuro um par de patins que sirvam no meu pé. Nem sempre esses quase dois metros são uma dádiva. Nunca senti necessidade de possuir as coisas mais caras, você me fará feliz com pouco. Tenho gorduras localizadas e, só agora, estou aprendendo a viver em harmonia com elas (antes de exterminá-las). Acho meus olhos fundos demais. Estou longe de ser exemplo de beleza, mas a uma certa luz até que me acho bonito.

Faço de tudo pela felicidade dos meus, mas desde que isso esteja entre as coisas que quero fazer. Dificilmente você me verá em uma balada e, caso esteja, será ainda mais difícil que esteja transbordando de felicidade. Já aceitei que sou do dia e vivo bem assim. Sou teimoso e, às vezes, pirracento. Antes da realização financeira, procuro a realização pessoal. Não espere que eu te bajule, isso não vai acontecer. Não guardo mágoas, mas não perdoo fácil. Você pode ter o último grau de miopia, mas se eu te cumprimentei e você não respondeu pode ter certeza de que não olharei na sua direção enquanto você não vier a mim. Sou péssimo para devolver xingamentos (só penso em uma boa resposta horas depois). Engulo cada vez menos sapos, mas ainda sim, faço. Defeitos. Incômodos. Barreiras. E uma infinidade de outras coisas que preciso resolver ou aprender a conviver.


Vocês podem não perceber metade das coisas que disse aqui. Quando quero eu disfarço bem. Em meio a tanta gente querendo se conhecer, acredito que seja mais importante o ato de se reconhecer. Acredito que reconhecer-se e aceitar-se é uma válvula de escape para evitar diversos males e, entre eles, a depressão. Ser uma estrela é se reconhecer especial, mas também ter a humildade de entender que há um céu repleto de outras estrelas sedentas por mostrar seu brilho.

quarta-feira, 12 de agosto de 2015

O MELHOR DE MIM

Há que se criticar, não importa o que. É o governo, a inflação, o preço da gasolina e até mesmo aquela barriga indesejável que nos faz prender a respiração – principalmente em fotos na praia -, tudo para disfarçar no digital o que no real tanto nos incomoda. E há quem faça da reclamação sua fonte de sustento, como o caso dos críticos, cronistas, blogueiros, cronistas e demais profissionais que fazem do erro alheio (ou da sua própria insatisfação) uma forma de faturar.

E ao longo da história a gente foi criando formas de lidar com essas críticas e canalizá-las para algum lugar. Pinturas, esportes, livros, e agora a internet. Mas num caminho inverso, em vez de compartilhar suas infelicidades, a gente compartilha o que é bom. Nunca se viu tanta gente aparentemente gozando da felicidade plena e tanta gente irritada com a tamanha exposição. E isso vicia os expectadores de plantão.

“Cíntia nasceu virada pra lua, né? Muito estranho essa felicidade toda”.
“E o Joel que já viajou o mundo, cê viu!? Onde é que consegue tanto dinheiro? Sei não...”
“E Cláudia que posta foto com Deus e o mundo, mas nenhuma com o marido! Aposto que aí tem”.

A gente se seca tanto em problemas que querem nos privar de tomar um gole da água desse oásis da vida online. Eu uso a internet para mostrar o melhor de mim. O pior eu deixo pro analista. Deixa Michelle se sentir mais magra nas fotos. Deixa Roberto mostrar que está na balada de segunda à segunda. Deixa Fernanda mostrar seu sorriso na internet e deixar o choro para o travesseiro. Se você não está disposto a compartilhar das coisas boas, você daria o suporte necessário às ruins?


  Eu deixo aqui meus sorrisos, as fotos das minhas férias, minhas opiniões construtivas, as iniciativas que achei bacana ou qualquer coisa que possa acrescentar. Sei o limite entre compartilhar momentos e escancarar intimidades. E deixo em outros lugares minhas angústias, meus medos, anseios e também minha ira. Procuro ficar longe da patrulha da vida alheia. Se aqui não for para mostrar o meu melhor, o pior também não será.

terça-feira, 7 de julho de 2015

O QUE VOCÊ QUER SER QUANDO CRESCER?

Bombeiro, fisioterapeuta, bancário, dentista. Na minha infância eu quis ser tanta coisa, mas na hora de decidir meu rumo profissional optei pelo jornalismo motivado exclusivamente por minha paixão pelas palavras. Hoje adulto, formado e no mercado de trabalho, almejo outras coisas. O “querer ser” agora vai muito além do que eu faço para pagar minhas contas.

Hoje eu quero ser mais.

Eu quero ser corajoso e disciplinado para enfrentar desafios. E estes podem ser simples como adquirir hábitos saudáveis. Eu quero ser paciente com quem pensa diferente de mim. E que eu possa aprender com outros pontos de vista. Eu quero ser solidário e ajudar mais ao próximo. E esse próximo pode ser um pobre ou um rico que precisa apenas da minha atenção. Eu quero ser mais aberto a novas experiências. Mas que eu entenda os limites do meu corpo e os limites dos outros. Eu quero ser mais ser mais estudioso. Mas com o único intuito de fazer o melhor por mim, não para ser melhor que os outros.

Hoje eu quero ter mais.

Eu quero ter a firmeza de olhar para trás e me orgulhar do que fiz. Tanto acertos quanto erros. Eu quero ter mais amigos e menos colegas. E que eu saiba distingui-los pela bondade no olhar. Eu quero ter a chance de conhecer lugares onde nunca imaginei estar. E esse lugar pode ser o coração de alguém. Eu quero ter mais idade sem que isso signifique envelhecer. E entender que o tempo pode ser bom ou ruim, dependendo do que eu faço com ele. Eu quero ter o compromisso de ser cada vez melhor para mim e, por consequência, para os outros. Não o contrário.

Hoje eu quero estar mais.

Eu quero estar mais presente na vida das pessoas que amo. E que presença não seja apenas física, mas que eu seja lembrado nos momentos mais simples. Eu quero estar em paz com minhas escolhas, mesmo que isso signifique estar em guerra com os ideais de outrem. Eu quero estar consciente que tudo muda e que é preciso tempo e paciência para que eu me adapte. E que a gente sempre se adapta. Eu quero estar mais perto de mim. E entender que tudo o que necessito eu não irei encontrar em coisas e muito menos em pessoas.

Advogado, engenheiro, professor, psicólogo. Tudo isso não é o que eu sou, mas o que eu faço. Agora eu entendo que a vida inteira eu respondia errado a esta simples pergunta. Eu posso fazer qualquer coisa quando eu sou quem eu quero ser.  

domingo, 5 de julho de 2015

DE QUE SÃO FEITOS OS CONTOS DE FADAS?

De reis, rainhas, príncipes e princesas. De reinos. De sonhos. De ideais. De realizações. E, claro, de finais felizes. Histórias que todos nós já ouvimos, muitos se emocionaram, alguns acreditaram e poucos realizaram. Uma quimera surreal e, sinceramente, que menina nunca sonhou com seu príncipe encantado? Tudo muito fácil, tudo muito lindo, mas e no mundo real?
Pois hoje eu posso dizer que fui testemunha viva que de contos de fadas são reais, que fadas madrinhas podem bons conselhos em vez de varinhas de condão, que príncipes e princesas não necessariamente precisam ser filhos de reis e que o cavalo branco pode ser um carro de qualquer cor. Hoje posso dizer que os contos da Disney são apenas projeções exageradas de algo que é incrivelmente real e que pode acontecer mesmo por acaso. Hoje posso dizer que melhor que bons soldados, príncipes e princesas precisam de bons amigos.
Tive a honra de ser um fiel escudeiro de um casamento real com direito a trompetes anunciando a chegada da noiva, a um noivo visivelmente apaixonado que não parava de tremer de ansiedade e a ouvir (vejam só que ironia) uma música de princesa pouco antes da noiva entrar! Thaiana e Luis Gustavo estão longe de possuir reinos e súditos, mas souberam conduzir uma relação pautada em todos os princípios básicos para se escrever uma bela história de amor.
E, ao contrário de casamentos reais que visam também a perpetuação de bens, o único patrimônio em jogo era o amor. Mas também não era para menos. Eles nasceram um para o outro e isso era visível a uma distância aproximadamente entre o Padre Eustáquio e o Jardim América. No melhor sentido da expressão, “eles se merecem”!
A única coisa que difere essa história de um conto de fadas, é que nesta excluímos a palavra “final” e ficamos apenas com o “feliz”. E mais que presentes comprados, estou aqui usando de um dos dons que tenho, o da escrita, para expressar a estima que tenho em ter vocês como amigos. Que sejam muitos anos de amor, companheirismo, paz, saúde e muitos momentos felizes, pois isso é apenas parte de todas as coisas boas que vocês merecem.

sexta-feira, 3 de julho de 2015

É HORA DE SE EXERCITAR!

Tudo que se move está vivo. Tudo que para, morre. Então podemos concluir que vida é sinônimo de movimento.

Movimente sua vida profissional. Saia da estagnação, pense e execute algo diferente todos os dias. Faça coisas que você nunca fez. Crie contatos com profissionais que você considera importantes para seu desenvolvimento. Trace seu plano de carreira. Execute-o. Faça ginástica laboral. Deixe seu corpo e sua mente sempre em boa forma para que os resultados venham com mais rapidez. Capacite-se.

Movimente seu corpo. A ciência comprovou que o sedentarismo é responsável por diversas doenças. Acorde cedo, se alongue, tenha uma rotina de atividade física regular. Os benefícios são perceptíveis no primeiro dia. Atividade física libera no sangue um hormônio chamado endorfina, que é responsável pela sensação de felicidade e satisfação. Corra, dance, pule, pratique um esporte. Exercite-se

Movimente sua vida sentimental. Coração parado também enferruja. Ame mais, valorize mais, queira pessoas boas perto de você. Estudos comprovam que estabilidade emocional favorece o sistema imunológico. E fora isso, é um ânimo a mais para enfrentar a rotina nem sempre é tão agradável assim. Permita-se.

Movimente sua alma. E aqui eu não falo de religião, mas sim de espiritualidade. Esteja bem com você mesmo e com suas escolhas. Entenda que nesta vida todos nós temos um lugar, uma missão e um objetivo e só conseguimos alcançá-los com a alma livre de pesos desnecessários. Não sinta remorso, rancor, mágoa e sentimentos que carregam nosso espírito de maus sentimentos. Liberte-se.


No meio de tanta gente que apenas interpretam um papel, ser autor, diretor e ator da própria vida é um privilégio para poucos. Rasgue o script. Derrube o cenário se ele não lhe for agradável. Ajuste sua luz e, como dizem no teatro para desejar sorte: MERDA!

quinta-feira, 18 de junho de 2015

CONTROLE

Pode reparar: qualquer registro feito pelo ser humano, de hoje até nossa versão mais primitiva, tudo o que sempre quisemos foi ter o controle sobre algo ou alguém. Primeiro o fogo, depois o ambiente, depois a mobilidade, depois a língua, a sociedade e daí em diante foi um descambo só. Nascemos e morremos inconformados com qualquer coisa e basta uma ponta de dúvida para que fiquemos inquietos para saná-la. Que conhecimento, que nada! O que a gente busca é o controle.

Viver em sociedade requer do indivíduo limites impostos por um poder maior, na maioria dos casos o Estado ou o que o represente, para que haja uma ordem. Quando algo foge do controle, o poder maior impõe uma sanção. E este poder maior pode vir de outras formas. A representação de Deus, Alá, Ganesha, Buda ou qualquer outra forma divina também nos dita formas de controle sobre si ou sobre o outro. Como brasileiro e pertencente a uma sociedade influenciada pela cultura cristã, falarei sobre o que me tange.

Julgamos em nome de Deus. Condenamos em nome de Deus. Matamos em nome de Deus. Tudo isso motivado por um único motivo: o medo do que nos foge ao controle. Se o Estado não acata as solicitações, recorre-se à divina. Mas longe de mim discursar sob essa seara. Muita saliva foi gasta pra falar sobre este assunto para, em vez de resolver, piorar a situação.

Me refiro à nossa incessante busca por um controle inalcançável. Queremos controlar o outro com joguinhos emocionais. Somos surpreendidos. Queremos controlar as produções de nossos insumos. Uma mudança no clima altera os planos. Queremos controlar nosso próprio futuro. Esquecemos do poder do acaso. Nunca tivemos tanto controle sob o que nos cerca, mas também nunca tivemos tanta ganância de querer mais.

Temos controle sobre várias doenças, sobre as ciências, sobre a matemática e até mesmo sobre a programação da TV. Controlamos o que lemos nos jornais, os conteúdos na internet e nunca fomos tão livres para nos expressar. Estamos preocupados demais com o que vamos falar que ignoramos o que o outro tem a dizer. Focamos tanto em nossos futuros que nem passa pela nossa cabeça que existe um mundo além do nosso umbigo. Consumimos uma auto ajuda que me fala tanto que somos especiais que passamos a acreditar piamente e o resto que se exploda.


Me exigem tanto posicionamento político, pessoal, social e sentimental que já senti inveja de qualquer animal de outra espécie por ter uma vida tão simples e livre de escolhas. Ser humano cansa. E, pensando bem, os melhores momentos da vida são aqueles que não temos que escolher nada. É sentir e ponto. Coisa que qualquer animal faz.  

terça-feira, 10 de março de 2015

LEGADOS

Todo ser vivo tem uma função no ecossistema. Até a mais primitiva forma de vida tem um porquê de existir e com nós, seres humanos, não seria diferente. A minhoca afofa a terra que faz crescer a grama que um alce come e que, por sua vez, vira comida do leão ou do urubu. Disso ninguém foge. As vezes tenho a impressão de que a nossa função no planeta é questionar para perpetuar.
Desde criança a gente já mostra a que veio. Começamos com o “por quê?”, passando pelo “como?” e a partir daí, haja resposta pra tanta pergunta. Caminhando pelo centro me peguei questionando uma coisa sem muito nexo, mas que me deixou fora do ar por duas ou três quadras: por quantas modificações uma cidade passa para que esteja da forma como vemos hoje? A pergunta é tão absurda que vou tentar explicar.
Cada ser humano deixa um legado das coisas que fez em vida - pelo menos deveria. O operário que trabalhou na construção de um monumento deixou ali sua contribuição para a história. O jornalista que cobriu uma guerra fez do seu ofício algo para se lembrar. O garçom que serve o cafezinho do presidente da empresa, também. Por mais sutil que seja nossa participação, de alguma forma deixamos algum legado para àqueles de nos procedem.
Mas existem também os legados invisíveis, perceptíveis apenas à quem viveu. Amigos são fábricas de legados. Compartilham momentos, abraços, sorrisos, choros, angústias, decepções e lamúrias que fazem parte de quem somos, mas que sem o suporte deles estaríamos perdidos. O primeiro amor deixa o legado de um sentimento puro, experiências de trabalho deixam o legado do profissionalismo que teremos, até mesmo um porre de vodca serve para nos mostrar que bebida é bom até o limite que você sabe quem está no controle (quando você não sabe, é a bebida quem está). Família é um exemplo concreto e abstrato de um legado: forma seu caráter e te dá uma herança genética que perdurará por gerações e gerações.
Tudo isso pra dizer que nossa função no ecossistema é gerar legados. Não importa onde, como ou com quem esteja, sua missão entre os vivos é deixar algo para quem vem depois. Como ninguém em sã consciência gosta de receber herança ruim, trate de dar o melhor de si para você e para os outros. Cuide bem da casa que te abrigou para que sua passagem por aqui seja lembrada da melhor maneira.

quarta-feira, 4 de fevereiro de 2015

COITADISMOS

Não faz muito tempo que ouvíamos a expressão “lugar de mulher é na cozinha”. Há poucas décadas, um portador de necessidades especiais era considerado incapaz a concorrer no mercado de trabalho. Outrora, qualquer cidadão que tivesse nascido pobre, tinha a certeza de que seria pobre até o fim de seus dias. Hoje a mulherada deixou o avental e está alcançando altos cargos no mundo corporativo, os deficientes mostraram seu valor e, quem diria, tem filho de pobre virando doutor. Mas a que se deve isso?


Muitos atribuem essas mudanças à modernidade, à globalização ou à simples evolução da raça humana. Eu considero esses avanços o resultado do desuso do coitadismo. Enquanto estava enraizado o pensamento opressor do “você não tem capacidade”, pouco evoluímos. Mas quando pouco a pouco nos libertamos dessas amarras, vimos que qualquer um de nós – independente da condição imposta pela vida ou pela sociedade – é capaz de coisas antes inimagináveis. Coitadismo acomoda. Coitadismo paralisa. Coitadismo nos faz pensar que não existe nada além daquilo que já temos como certo.


É claro que essas mudanças não acontecem de forma linear em todos os indivíduos. Algumas comunidades ainda engatinham enquanto outras andam a passos largos a fim de universalizar acessos, equilibrar poderes e igualizar vozes. A ganhadora do último Nobel da Paz, Malala Yousafzai, é um dos maiores exemplos atuais de alguém que não usou o discurso da autopiedade e luta pelo direito a educação para as mulheres paquistanesas. Mesmo sofrendo uma tentativa de homicídio, leva em frente seus ideais.


Malala trava uma guerra pelo direito à educação para mulheres; Harvey Milk lutou pelos diretos da comunidade LGBT; Nicholas James Vujicic não tem braços nem pernas, mas é tão brilhante que se tornou um dos maiores palestrantes motivacionais do mundo, sendo capaz de lançar seu próprio livro. Apenas três de vários exemplos de quem deixou de se esconder para mostrar ao mundo não só suas batalhas, mas suas vitórias.


Pode parecer pouco, mas pequenas demonstrações de coitadismo contribuem bastante para a discriminação e desigualdade. Sentir pena do pobre não o ajuda a se dar bem na vida; cercar de cuidados um deficiente não o fará vencer nenhum obstáculo; considerar a mulher como sexo frágil é perigoso e pode incitar - mesmo que indiretamente - a violência doméstica. Defender é válido, mas melhor ainda é considerar a pessoa capaz de ultrapassar seus próprios desafios. É hora de pensar nas formas como interpretamos para que haja mudanças efetivas na forma como agimos.