domingo, 20 de julho de 2014

Alguém

Todo mundo procura alguém. Que mais que fiel, seja leal. Que esteja sempre ao seu lado, acima do bem e do mal. Que te compreenda além das aparências do que a sociedade julga ser normal. Que fale um “eu te amo” sem nenhum protocolo formal.  Que te enxergue como és, etc e tal.

Todo mundo precisa de alguém. Que se mostre disponível antes mesmo que você caia. Que passe com vocês noites e mais noites na gandaia. Que juntos possam fazer aquela viagem inesquecível para a praia. Ou até mesmo esteja disposto a, com você, escalar o Himalaia. E que especialmente nunca, mas nunca, te traia.

Todo mundo quer alguém. Para estar junto uma vida inteira. Pra poder ligar às três da manhã de uma terça feira. Pra não ter censura em qualquer brincadeira. Que tenha a liberdade de abrir a porta da sua geladeira. Que segure sua onda quando você perder a estribeira. Que esteja do seu lado queira ou não queira.

Todo mundo espera por alguém. Para fazer nada, em qualquer lugar, num dia qualquer. Que tenha orgulho de te apresentar aos seus sem um pingo de cerimônia sequer. Que possam despetalar um campo de margaridas até encontrar um bendito bem-me-quer. Que esteja ao seu lado quando uma circunstância da vida requer.


Sou um cara extremamente sortudo. Eu não mais procuro, não mais preciso, não mais quero e não mais espero, pois eu tenho vários “alguéns”. Alguéns que, com orgulho, tenho a honra chamar de amigo. Alguéns que posso passar anos sem ver, mas isso não significa que não os posso ter. Que possamos valorizar não apenas o ombro amigo, o olhar amigo, o abraço amigo, mas o inteiro amigo, pois amizade que não soma, não completa. 

UM FELIZ DIA DO AMIGO A TODOS OS MEUS!


quarta-feira, 2 de julho de 2014

Falta Eu


Tem dias que a gente acorda e sente falta de algo. Levanta, toma banho, se arruma, prepara o café, tranca a porta e vai para o trabalho com aquela sensação de que alguma coisa não está lá. Será que esqueci o gás ligado? Será que tranquei direito a porta? Coloquei comida para o cachorro? Tem dias que realmente falta algo, mas tem dias que falta Eu.

Falta eu quando não me reconheço nos lugares que eu sempre ia e me sentia à vontade. Falta Eu quando esqueço a senha do banco porque me perdi em pensamentos. Falta Eu quando aquela conversa com grandes amigos fica rasa, sem conteúdo, sem entrega. Falta Eu na tomada de decisões importantes para o futuro. Falta Eu nas tarefas que faço automaticamente e dedico tempo, e não amor, ao que estou fazendo.

Perder a chave de casa é desesperante. Perder o celular na balada ninguém gosta. Perder tempo em congestionamento é de matar qualquer um de ódio. O problema é quando a gente perde a essência. Os elementos de identificação com o passado passam a não fazer mais sentido e não existem referências para criar conexões com um futuro. É como acordar numa banheira de gelo após um Boa Noite Cinderela. Onde estou? Como vim parar aqui? Alguém me ajuda? Alguém?

 Ninguém. A gente sente a necessidade de alguém para tanta coisa, mas esquece que nas mais vitais a gente não precisa de ninguém. Pensar, respirar, dormir, acordar, estudar e uma série de outras coisas são tão pessoais que me assusta ouvir de alguém dizendo que precisa de alguém para viver. Depender é se autodeclarar incapaz. E é nessa dependência que muita gente se perde e não se acha.

Se encontrar é tarefa individual e, no meu caso, só se torna coletiva quando tenho companheiros de viagem. Em outra cidade eu me viro. Em outro estado, me renovo. Em outro país eu me acho. Viagens para mim são muito mais que experiências culturais e fotográficas. Viagens são jornadas em busca de nós mesmos, que nos perdemos no estresse do dia-a-dia, da falta de tempo e da escassez de elementos favoráveis para a composição do eu.


 Aí, sim, tem Eu em abundância.