De uns tempos pra cá, vem se
tornando cada vez mais comum fracionar coisas. Meio expediente, meia tarifa de
ônibus, meia entrada no cinema, e uma série de outras coisas vieram para
facilitar nossas vidas e algumas delas para aliviar nossos bolsos. Se sei que
não aguento comer uma porção inteira de fritas, traz meia, por favor, garçom!
Mas em meio a tantas metades,
existem algumas que ninguém quer. Pneu com meia vida, meias verdades e meia
felicidade soam como se nos privassem de algo. E, de fato, é isso que acontece.
Algo que poderia ser inteiro, mas agora falta. Enquanto umas metades existem
para adequar, outras vêm para deixar sensação de que algo está incompleto.
E tem muita gente vivendo pela
metade. Acorda meio cansado, vai pro trabalho meio contrariado, gosta mais ou
menos do que faz, namora com alguém que é mais ou menos aquilo que todo
mundo espera, chega ao fim da vida sem viver o meio. Mas e aí? Dá pra viver no
meio termo? Alguns conseguem. Gente que nunca conheceu o que é felicidade ou
desistiu dela. Gente que segue o script e não dirige a própria vida. Gente que
sobrevive.
Não me cabe julgar o que é melhor
para o outro. Mas embora ainda tenha muito que evoluir, arrumo meus meios para
viver por inteiro. E como o fim é imprevisível e abstrato, eu aproveito o meio sem viver pela metade. Tudo o que é
completo vale mais. Ninguém dá importância se você está meio contrariado, mas
logo notam quando está completamente emputecido. Se estiver triste, sou
completamente triste para esgotar o sentimento e também para que eu valorize os
momentos de felicidade.
Onde há meias verdades, há
mentiras inteiras.
Mas quanto às liquidações de 50%, estas estão
liberadas.