quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

How to forget



Então é isso. Acabou. Ele pra cá, ela pra lá e assim ficaram: cada um segue seu caminho, tentando se recompor da melhor maneira possível, se é que existe uma maneira menos trágica de se encarar um fim, seja ele qual for. Isso demanda um esforço quase desumano para ambos, independente de quem tenha dado o ponto final.

É hora de repensar atitudes, rever prioridades, redesenhar metas, redescobrir antigos hábitos, etc. Exige um esforço de Hércules, uma paciência de Jó e disciplina de monge para que o processo de esquecimento aconteça da forma menos dolorosa possível. Esquecer alguém que aprendemos a amar se assemelha uma revisão daquela prova de física. Por mais que saibamos do assunto por experiências anteriores, sempre esquecemos de tudo na hora que mais precisamos usar. E para isso não há cola.

Há choros, desabafos com os amigos e inúmeras intenções de ligar para o outro. Mas não. Adultos devem ser fortes e racionais, mesmo não sendo bem assim que a banda toca. É hora de trocar as fotos do porta retrato, colocar os presentes ganhados numa caixa bem guardada, evitar contato com os “amigos do casal”, não passar em lugares que remetam momentos vividos com o “atual ex”. Enfim, mudar. Mas, como?

Ela continua com sua mania compulsiva de gastar, agora pela internet. Ele mantém sua postura consciente com o futuro e compra de maneira racional, e sempre guarda mais da metade do salário. Ela finge que largou o cigarro, ele finge que largou os vícios. Ela continua com os mesmos amigos legais e outros nem tão legais assim. Ele reorganizou seu círculo de amizades, afastou de quem deveria afastar e reaproximou de quem sentia saudades. Ele faz as mesmas coisas, só que em ordem diferente. Ela recebeu ordens diferentes, mas faz as mesmas coisas. Eles bem que tentam, mas não mudam. Porque mudança é processo, não decreto.

quinta-feira, 16 de fevereiro de 2012




Ele, coitado, só queria um amor de novela. Nada mais que isso. Sem saber que não existe, quis o intangível. Pois caiu, machucou, levantou, cicatrizou e, mais do que nunca, ainda procura o tal do amor. Procura, pede informações, mas ninguém sabe, ninguém viu. Apenas pensam ter visto criações semelhantes ao que julgam ser ele, o fujão.

terça-feira, 7 de fevereiro de 2012

De feira



Sempre gostei das terças, quartas e quintas feiras. Talvez pela verdade que elas trazem. São dias comuns, em que fazemos coisas comuns, vamos a lugares comuns... São eles que nos dão a sensação plena de “rotina”, da qual não podemos fugir, e também nos tira a responsabilidade de ser criativo todos os dias, pelo menos no que tange aos nossos afazeres diários. Sair sempre da rotina exige um esforço às vezes desnecessário e que, por mais contraditório que seja, acaba virando rotina.

Estes dias trazem-nos de volta à realidade que não vemos no mau humor da segunda, no otimismo da sexta e na tão esperada preguiça do sábado e domingo. Choque de realidade. No trabalho, são os dias em que mais produzo. Nos estudos, os dias em que mais me concentro. Nas relações sociais, os dias em que mais me afasto de todos. Sim, preciso de um tempo pra mim.

Salvo raras exceções, “dias de feira” me desobrigam uma série de papéis sociais que precisamos, mas nem sempre queremos cumprir. O namorado presente, o amigo animado, o vizinho educado, o filho prestativo... Basicamente, nosso único papel a cumprir é do funcionário competente e, quando estudante, o aluno dedicado. Pronto! É mais que o suficiente.

Cative-me com coisas normais. Gosto do comum por ser linear e, principalmente, pela constância. O diferente te suga esforço e quer sempre mais. Não traz paz de espírito.

sexta-feira, 3 de fevereiro de 2012

It's time to...


Espera.  Tô me ajeitando na cadeira e procurando uma posição mais confortável para ter um pouco mais de foco.  Só mais um pouquinho... Este tênis está me apertando, esta luz fortíssima, redes sociais não param de “piscar” e o ar condicionado frio demais. Só mais um minuto, e...

Pronto!

Conforto físico mais que necessário para que a cabeça pudesse funcionar um pouco melhor. Ou não. Tudo tem limite e estou chegando ao meu extremo. Aquele momento em que só o conforto físico não é suficiente para aliviar dores internas, em que parece insano e ilógico mentir pra mim mesmo entoando sussurros de “estou bem”. Não. Isto já não é o suficiente.

 Eu quero mais. Quero respostas para todas as perguntas que me afligem e me tiram o sono. Quero me enxergar de fora, perceber meus erros, acertos e pontuá-los pra que possa ter o mínimo de senso pra saber em que mudar. Quero férias de mim. Ausentar-me deste corpo por uns tempos, ficar de fora e olhar por dentro.

Poderia falar sobre tudo, brincar de não ser eu por algumas linhas, tentar encontrar respostas rápidas e eficazes. Mas analisando a coerência entre autor e obra, como posso terminar um texto que fala justamente  sobre pensamentos inacabados?

Vai terminar assim. Sem lógica, sem fim.