domingo, 29 de novembro de 2015

TRAZ A CONTA, POR FAVOR

Quem pede ajuda nem sempre diz 'socorro'.
Quem pede um beijo nem sempre verbaliza.
Quem pede atenção quase sempre usa de outros meios.
Quem pede briga sempre inventa um motivo.

Quando se trata de sentimento a gente é sempre inespecífico. Pode ser medo, pode ser vergonha, pode não ser nada. Somos sempre confusos nessas horas. “Me vê duas porções de abraço no capricho, amigão?”. “Hum, acho que hoje eu vou querer um ombro pra viagem”. “Garçom, duas doses de realidade, mas com bastante gelo!”.

Quem dera todos os nossos pedidos viessem num menu, com gente pronta pra nos atender e a preços bem acessíveis. Porque pedir sentimento custa. Custa coragem, custa oportunidade e quase sempre custa tempo. E tudo isso pesa na conta. Quando finalmente somos atendidos é de bom tom deixar uma gorjeta a quem nos atendeu, que pode vir em forma de abraço, beijo, ouvido e até mesmo a conta do bar.

O pior é que deixamos a fome apertar para fazer o pedido e aí o estrago pode ser maior. Duas porções de vergonha na cara, uma travessa de amor próprio, duas colheres cheias de verdades inteiras. Ingerir parece libertador, o que demora é digerir tudo isso. Entender nossa necessidade de satisfazer essas funções básicas pode nos poupar de diversos problemas futuros, muitos deles envolvendo terceiros. Daí a importância de uma dieta balanceada de sentimentos.

 Ninguém sobrevive apenas de proteínas, tão pouco de realização profissional. Não conseguimos energia só com carboidratos, muito menos somente de uma vida amorosa em dia. A gente não para em pé com um único complexo de vitaminas, quiçá só com um bom relacionamento familiar. Impossível ser saudável sem equilíbrio. Alimentos ao corpo, sentimentos à alma. Um para dentro, outro para fora. De três em três horas. Em pequenas quantidades.