Quem
pede ajuda nem sempre diz 'socorro'.
Quem
pede um beijo nem sempre verbaliza.
Quem
pede atenção quase sempre usa de outros meios.
Quem
pede briga sempre inventa um motivo.
Quando
se trata de sentimento a gente é sempre inespecífico. Pode ser
medo, pode ser vergonha, pode não ser nada. Somos sempre confusos
nessas horas. “Me vê duas porções de abraço no capricho,
amigão?”. “Hum, acho que hoje eu vou querer um ombro pra
viagem”. “Garçom, duas doses de realidade, mas com bastante
gelo!”.
Quem
dera todos os nossos pedidos viessem num menu, com gente pronta pra
nos atender e a preços bem acessíveis. Porque pedir sentimento
custa. Custa coragem, custa oportunidade e quase sempre custa tempo.
E tudo isso pesa na conta. Quando finalmente somos atendidos é de
bom tom deixar uma gorjeta a quem nos atendeu, que pode vir em forma
de abraço, beijo, ouvido e até mesmo a conta do bar.
O
pior é que deixamos a fome apertar para fazer o pedido e aí o
estrago pode ser maior. Duas porções de vergonha na cara, uma
travessa de amor próprio, duas colheres cheias de verdades inteiras.
Ingerir parece libertador, o que demora é digerir tudo isso.
Entender nossa necessidade de satisfazer essas funções básicas
pode nos poupar de diversos problemas futuros, muitos deles
envolvendo terceiros. Daí a importância de uma dieta balanceada de
sentimentos.
Ninguém
sobrevive apenas de proteínas, tão pouco de realização
profissional. Não conseguimos energia só com carboidratos, muito
menos somente de uma vida amorosa em dia. A gente não para em pé
com um único complexo de vitaminas, quiçá só com um bom
relacionamento familiar. Impossível ser saudável sem equilíbrio.
Alimentos ao corpo, sentimentos à alma. Um para dentro, outro para
fora. De três em três horas. Em pequenas quantidades.