Me faltam palavras para definir tamanha tragédia que chocou
o país neste fim de semana, em que mais de 230 pessoas vieram a óbito após um
incêndio em uma casa noturna na cidade de Santa Maria, no Rio Grande do Sul.
Jornais do mundo inteiro noticiaram o fato e muito se fala sobre o assunto, mas
isso me trouxe à tona um questionamento que sempre faço quando vejo acidentes
como este com tantas vítimas: como foram as horas que precederam sua morte?
Pode soar mórbido, mas não. Inúmeras vezes ouvi relatos de
parentes e amigos de vítimas que relataram suas últimas horas de vida e havia
um ponto em comum: quase todas apresentaram comportamento atípico em seus
últimos dias. Crendices e misticismos à parte, será mesmo que de alguma forma
pressentimos nossa partida?
“Ao se despedir, ele me deu um abraço forte como nunca havia
me dado”, disse a mãe do rapaz que morreu em um acidente de carro. “Quando saiu
de casa, ela, que era bastante severa, deu um beijo fraterno em nossos filhos e
saiu por aquela porta pela última vez”, diz o marido de uma empresária que foi
baleada em um semáforo. Casos fictícios, mas que, combinemos, podem acontecer
com qualquer um de nós.
Será mesmo que sentimos que a hora está chegando e decidimos
deixar a melhor das impressões? Será que Deus avisa: “É, meu amigo, sua hora
chegou. Trate de se despedir dos seus entes com sua forma mais carinhosa.”? Ou
será que os que ficaram preferem guardar de forma bela as últimas lembranças
dos que não estão mais entre nós? Perguntas que permanecerão sem resposta por
muito tempo, assim espero.
Se estes jovens tiveram ou não a oportunidade de se
despedir, agora pouco importa. Voltemos nossas orações aos amigos e familiares
das vítimas para que tenham o conforto necessário neste momento tão difícil. E
se você não se sentiu sensibilizado ao acompanhar o caso, talvez esteja longe
de morrer, mas também não sabe o valor de uma vida.
Aos que sentem, orem. Aos que não sentem, respeitem.