sexta-feira, 25 de janeiro de 2013


Ela, atriz, só queria sair de cena. Esperava ansiosamente ser ovacionada e ver as grandes cortinas vermelhas se encontrando para, enfim, se perder. Estranho mesmo era ter que interpretar o próprio personagem e se perder nas cenas, esquecer as falas e não saber onde se situar no palco da vida.

Ela, coitada, escolheu a profissão certa: vive outra vida para fugir da sua. Talvez por não suportar a ideia de ser quem é, ou o contrário, vive um faz-de-conta para entender a moral da história. Mas que moral? Nem isso ela se dá.

Ela, mulher, nunca quis se despedir da menina. Viver no mundo dos grandes lhe parecia hostil demais para se julgar feliz. Não que fosse frágil, mas não entendia muito bem o porque das pessoas serem tão más umas com as outras. Adultos são confusos e se magoam com facilidade. Crianças não. Choram tão fácil quanto esquecem, sabem perdoar e nunca perdem uma boa brincadeira.

Atuava para sufocar a criança que ainda era.

Que lástima.


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