Me tirem desse mundo. Aqui não
pertenço. Vejo-me na contramão de milhares de pessoas infectadas pela Síndrome
de Peter Pan e, ainda bem, por enquanto estou imune. Os portadores desta
síndrome não têm paz. Querem ser eternamente jovens, vivem numa eterna luta
contra o tempo e não entendem que nostalgia existe somente para ser lembrada, não
vivida. Ao contrário da canção, I don’t
wanna be forever Young.
Vez ou outra me questiono se o
meu envelhecimento que é precoce ou a juventude dos outros que é retardada. E
não chego a resultado algum. Não sou o mesmo de cinco anos atrás e acho
completamente natural que minha rotina e meus valores mudem conforme adquiro experiências.
Enjoo fácil de lugares, programas, comidas, bebidas. A rotina me massacra e
sinto-me deslocado de diversos grupos.
Mas o que vejo no cotidiano são
pessoas em sua eterna batalha contra o tempo. Não querem envelhecer, mas antes
disso, não querem se mostrar velhos. É mais uma questão de imagem. Prova disso
é a indústria da beleza e rejuvenescimento que, independente de crises, cresce
ano após ano. É botox, lifting, peeling e uma infinidade de tratamentos e
produtos para retardar os efeitos do tempo, sempre implacável.
Cada idade tem sua beleza e
características próprias. Peter Pan, coitado, nunca terá o prazer de rever os
velhos amigos e estes notarem como o tempo lhe fez bem. Em sua eterna
juventude, será sempre confuso, dependente e completamente despreparado para os
percalços da vida, que certamente virão. Viverá tanto em constante euforia que
não conhecerá a felicidade, que nunca é plena, justamente para ser valorizada. Imaturo,
não enxergará a saída logo a sua frente, pois terá os olhos cheios demais com
lágrimas. Mimado como toda criança, não saberá lidar com as perdas.
Eternamente jovem? Não, obrigado.
Evoluir me seduz muito mais do que estagnar.