Tudo tem um tempo. Por mais
subversivos que tentamos ser, os costumes sempre estão lá, com raízes tão
profundas que não há força que as arranque. O tempo, implacavelmente necessário,
passa e com ele muita coisa que nos servia, hoje não pega bem.
Aos 5 anos: chupeta não pega bem,
pirraça não pega bem, fralda descartável não pega bem, chorar não pega
bem. Aos 15 anos: brincar não pega bem,
carinho de mãe não pega bem, ainda não ter beijado na boca não pega bem, ser
reprovado no colégio não pega bem, chorar também não pega bem. Aos 25: Não
trabalhar não pega bem, falta de foco profissional não pega bem, ganhar menos de
mil por mês não pega bem, estar sozinho não pega bem, chorar – mais uma vez – não
pega bem. É cíclico e infinito.
Cada fase uma cor, uma veste, uma
atitude, pois isso faz parte da vida. Aos 26 muita coisa não me pega bem, mas surgem
outras que caem como uma luva, mas somente em forma de conotação. Luvas
definitivamente não pegam bem – pelo menos pra mim. Belchior já dizia que “no
presente, a mente, o corpo, é diferente e o passado é uma roupa que não nos
serve mais”. Além de não servir, aperta, incomoda e nos desloca.
Já não uso estampas, nem nas
roupas, nem na alma. Já não pago para furarem meu corpo, muito menos meu
coração. Minhas pernas já não aguentam horas na balada, muito menos minha
paciência. Guardo tudo que vivi na minha caixinha de nostalgias, mas na
consciência de que aquilo foi bom, mas hoje não faria sentido. Modismos à
parte, respeito, amizade, carinho, amor, paixão e sexo, esses sempre pegam bem.
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