segunda-feira, 15 de abril de 2013

Não pega bem


Tudo tem um tempo. Por mais subversivos que tentamos ser, os costumes sempre estão lá, com raízes tão profundas que não há força que as arranque. O tempo, implacavelmente necessário, passa e com ele muita coisa que nos servia, hoje não pega bem.

Aos 5 anos: chupeta não pega bem, pirraça não pega bem, fralda descartável não pega bem, chorar não pega bem.  Aos 15 anos: brincar não pega bem, carinho de mãe não pega bem, ainda não ter beijado na boca não pega bem, ser reprovado no colégio não pega bem, chorar também não pega bem. Aos 25: Não trabalhar não pega bem, falta de foco profissional não pega bem, ganhar menos de mil por mês não pega bem, estar sozinho não pega bem, chorar – mais uma vez – não pega bem. É cíclico e infinito. 

Cada fase uma cor, uma veste, uma atitude, pois isso faz parte da vida. Aos 26 muita coisa não me pega bem, mas surgem outras que caem como uma luva, mas somente em forma de conotação. Luvas definitivamente não pegam bem – pelo menos pra mim. Belchior já dizia que “no presente, a mente, o corpo, é diferente e o passado é uma roupa que não nos serve mais”. Além de não servir, aperta, incomoda e nos desloca.

Já não uso estampas, nem nas roupas, nem na alma. Já não pago para furarem meu corpo, muito menos meu coração. Minhas pernas já não aguentam horas na balada, muito menos minha paciência. Guardo tudo que vivi na minha caixinha de nostalgias, mas na consciência de que aquilo foi bom, mas hoje não faria sentido. Modismos à parte, respeito, amizade, carinho, amor, paixão e sexo, esses sempre pegam bem.

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