domingo, 11 de agosto de 2013

Dez minutos de silêncio



Todos precisamos de dez minutos de silêncio. Silêncio para organizar. Silêncio para raciocinar.
Silêncio para não precipitar. Silêncio para relaxar.
Silêncio para não gritar.

Todo mundo precisa de silêncio, às vezes. Pessoas se tornam inconsequentes quando falam em demasia quando deveriam calar-se. Palavras não dão espaço aos pensamentos. Arrependimentos quase sempre são frutos de atos impensados, não raciocinados, não disciplinados. 

Silêncio é disciplina.

O calor dos acontecimentos pode nos dar uma falsa sensação de decisão acertada. Posso amar alguém e, num súbito momento de raiva ou tristeza, achar que não o amo por motivos frívolos. Meus motivos frívolos. Dez minutos de silêncio são altamente recomendados nestes momentos. 

Acontece muito. Você pega um fato desconexo aqui, junta com uma reação inesperada ali, um cenário que justifique toda a ação e pronto. Você vira autor de novela mexicana. A sua novela mexicana. Acontece que nem tudo gira em torno de você e suas expectativas. Existem muito mais elementos na trama principal da novela da vida que você desconhece. Dez minutos de silêncio farão você entender melhor.

Cenas de ciúmes entre namorados, discussões fúteis entre amigos, brigas com familiares, entraves no campo profissional. Tudo isso poderia nem acontecer se usássemos de dez minutos de silêncio. Já pensou em quantas situações desagradáveis poderiam ser evitadas se todas as palavras viessem após dez minutos de silêncio? Ao invés de “não quero mais te ver”, tente “me dê dez minutos que depois a gente conversa”. Ao invés de “eu te confiei minha amizade em vão”, tente “me dê um tempo e, depois, me explique seus motivos”. Ao invés de “desejaria não ter nascido nesta família”, tente “vamos parar a discussão por hoje e conversar quando nos acalmarmos?”.

Dez minutos de silêncio é uma regrinha de relacionamento consigo mesmo e com os outros. Eu, você e todos nós precisamos deste tempo. Tenha o seu e respeite o do outro. E, caso não respeitem seu tempo, pare, tenha dez minutos de silêncio, 1... 2... 3... e aja.


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Hiatos


Para os afoitos, um martírio. Para os prudentes, um alívio mais que necessário. A verdade é que todos nós passamos ou iremos passar por um período de hiato, seja ele qual for. Uma pausa, uma quebra no tempo, um momento que nem sempre foi desejado, mas vem a calhar quando precisamos traçar metas e nortear nossos objetivos.

Em gramática, hiato é a separação silábica de duas vogais em contato. Pertencem a uma só palavra, mas ainda sim há um espaço entre elas; um fôlego para uma pronúncia correta, mas sem alterar seu objetivo final. Após um hiato, sempre vem outra sílaba que completa e fecha o ciclo.

Hiatos também são comuns no meio artístico, em que atores, cantores, escritores se recolhem e descansam sua imagem com o objetivo de criar e inovar. Então por que nós, artistas ou não, não fazemos o mesmo? O tempo corre, a rotina sufoca e, se você parar, o mundo te engole? Acredito justamente no contrário. O mundo não devora ninguém, ele é até muito paciente com nossos erros. As circunstâncias, sim, engolem quem não para pra pensar ou não pensa em parar.

Há vários exemplos de grandes nomes do esporte, da música ou do mundo dos negócios que foram mal sucedidos no passado e hoje são exemplos de superação. O que muita gente não sabe é que a maior parte do processo de transformação começa nas coisas mais simples e, entre elas, está o pensar. Ao traçar metas, precisamos definir duas coisas: objetivos e limites.

Onde quero chegar? Se a resposta vier fácil, considere-se um privilegiado. A esmagadora maioria dos mortais não sabe sequer o que fará no fim do dia, quiçá no fim da vida. Focar em coisas mais simples e alcançáveis é um bom começo. Tudo isso começa em saber-se capaz das pequenas coisas. É ter consciência de onde posso chegar com os talentos que tenho e isso é tarefa árdua para os modestos. Pessimistas também não lidam bem com hiatos.


Na gramática ou na vida, usem dos hiatos. Quais são minhas limitações? Se temos duas certezas na vida, essas duas são: morte e limites. Nenhum habitante deste planeta é imortal ou onipotente. Sei onde quero chegar, mas sabendo das minhas limitações fica mais fácil traçar estratégias de sucesso. Sei até onde posso ou não posso ir com minhas virtudes e defeitos e isso não é modéstia, é realidade.