Para os afoitos, um martírio.
Para os prudentes, um alívio mais que necessário. A verdade é que todos nós
passamos ou iremos passar por um período de hiato, seja ele qual for. Uma
pausa, uma quebra no tempo, um momento que nem sempre foi desejado, mas vem a
calhar quando precisamos traçar metas e nortear nossos objetivos.
Em gramática, hiato é a separação
silábica de duas vogais em contato. Pertencem a uma só palavra, mas ainda sim
há um espaço entre elas; um fôlego para uma pronúncia correta, mas sem alterar
seu objetivo final. Após um hiato, sempre vem outra sílaba que completa e fecha
o ciclo.
Hiatos também são comuns no meio
artístico, em que atores, cantores, escritores se recolhem e descansam sua
imagem com o objetivo de criar e inovar. Então por que nós, artistas ou não,
não fazemos o mesmo? O tempo corre, a rotina sufoca e, se você parar, o mundo
te engole? Acredito justamente no contrário. O mundo não devora ninguém, ele é
até muito paciente com nossos erros. As circunstâncias, sim, engolem quem não
para pra pensar ou não pensa em parar.
Há vários exemplos de grandes
nomes do esporte, da música ou do mundo dos negócios que foram mal sucedidos no
passado e hoje são exemplos de superação. O que muita gente não sabe é que a
maior parte do processo de transformação começa nas coisas mais simples e, entre
elas, está o pensar. Ao traçar metas, precisamos definir duas coisas: objetivos
e limites.
Onde quero chegar? Se a resposta
vier fácil, considere-se um privilegiado. A esmagadora maioria dos mortais não
sabe sequer o que fará no fim do dia, quiçá no fim da vida. Focar em coisas
mais simples e alcançáveis é um bom começo. Tudo isso começa em saber-se capaz
das pequenas coisas. É ter consciência de onde posso chegar com os talentos que
tenho e isso é tarefa árdua para os modestos. Pessimistas também não lidam bem
com hiatos.
Na gramática ou na vida, usem dos
hiatos. Quais são minhas limitações? Se temos duas certezas na vida, essas duas
são: morte e limites. Nenhum habitante deste planeta é imortal ou onipotente.
Sei onde quero chegar, mas sabendo das minhas limitações fica mais fácil traçar
estratégias de sucesso. Sei até onde posso ou não posso ir com minhas virtudes
e defeitos e isso não é modéstia, é realidade.
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