Ler um livro, escrever um livro,
apreciar o gosto da sua comida favorita, a sensação de ser promovido no
trabalho, cantar no chuveiro, comprar seu primeiro carro: são coisas que
ninguém além de você vai sequer ter noção. Viagem com amigos é o máximo.
Recomendo ao menos uma vez a cada um ou dois anos, mas a bagagem de um viajante
solitário vai muito além de fotos ao pôr do sol e muitas histórias pra contar.
A solidão proposital te faz entrar em contato com seu íntimo, sem máscaras, sem
artifícios, sem script. Você faz o que quer, na hora que bem entender, se
quiser e não precisa satisfazer vontades ou expectativas de ninguém a não ser
você mesmo. Ok, sexo é pra dois, mas o prazer é todo seu e se não fosse por ele,
nada feito.
Em contrapartida, temos nossos
anseios, medos, carências e decepções que nenhuma verbalização será capaz de
definir. Perder um ente querido, terminar um relacionamento, receber um
comunicado de demissão e ter uma cólica renal são exemplos de situações em que
se encontram apenas você e sua consciência. Pais que absorvem ou intervêm nas
decepções do filho têm como único resultado um adulto despreparado. O que somos hoje é meramente fruto de todas as
nossas experiências, boas ou ruins e o que aprendemos com elas. Se esquivar dos
coices da vida te faz ágil, mas o que te fortalece de verdade é quando ela te
acerta em cheio bem na boca do estômago. Fugir ou fingir só faz adiar, mas
nunca resolve.
Não me entenda como extremista,
não somos uma ilha. Precisamos, sim, de afeto, amor, amigos, desejo e muitas
outras coisas que só outros podem nos proporcionar. Jantares à luz de velas, um
bom papo de fim de tarde, cinemas e festas de aniversário são bem mais
prazerosos quando estamos acompanhados, mas embora importantes, não são
essenciais. Vital mesmo é o que fazemos quando ninguém nos vê.
Tudo isso pra dizer que você pode
ser solteiro, casado, solitário, dependente, anti-social ou popular, o que te
faz ser você são suas experiências individuais. Quem investe no outro ganha
gratidão e reconhecimento, mas quem investe em si ganha conhecimento, autor respeito,
amor próprio, satisfação, paz de
espírito e, depois de tudo isso, felicidade. E se algum dia alguém te perguntar
qual é a fórmula da felicidade, responda sem titubear: felicidade é fruto de
auto investimento. Quanto mais se arrisca, mais chances de ganhar.