domingo, 17 de agosto de 2014

Metade


De uns tempos pra cá, vem se tornando cada vez mais comum fracionar coisas. Meio expediente, meia tarifa de ônibus, meia entrada no cinema, e uma série de outras coisas vieram para facilitar nossas vidas e algumas delas para aliviar nossos bolsos. Se sei que não aguento comer uma porção inteira de fritas, traz meia, por favor, garçom!

Mas em meio a tantas metades, existem algumas que ninguém quer. Pneu com meia vida, meias verdades e meia felicidade soam como se nos privassem de algo. E, de fato, é isso que acontece. Algo que poderia ser inteiro, mas agora falta. Enquanto umas metades existem para adequar, outras vêm para deixar sensação de que algo está incompleto.

E tem muita gente vivendo pela metade. Acorda meio cansado, vai pro trabalho meio contrariado, gosta mais ou menos do que faz, namora com alguém que é mais ou menos aquilo que todo mundo espera, chega ao fim da vida sem viver o meio. Mas e aí? Dá pra viver no meio termo? Alguns conseguem. Gente que nunca conheceu o que é felicidade ou desistiu dela. Gente que segue o script e não dirige a própria vida. Gente que sobrevive.

Não me cabe julgar o que é melhor para o outro. Mas embora ainda tenha muito que evoluir, arrumo meus meios para viver por inteiro. E como o fim é imprevisível e abstrato, eu aproveito o  meio sem viver pela metade. Tudo o que é completo vale mais. Ninguém dá importância se você está meio contrariado, mas logo notam quando está completamente emputecido. Se estiver triste, sou completamente triste para esgotar o sentimento e também para que eu valorize os momentos de felicidade.

Onde há meias verdades, há mentiras inteiras.


 Mas quanto às liquidações de 50%, estas estão liberadas. 

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