segunda-feira, 8 de setembro de 2014

Aeroportos


Há lugares que te fazem sentir bem, outros podem te causam melancolia, mas há lugares em que você experimenta da euforia ao completo desalento ao mesmo tempo. O teatro é um exemplo de lugar onde você experimenta das mais diversas sensações. Já saí de peças com câimbras intensas na barriga de tanto rir, mas também já saí aos prantos, feito um panda com olheiras profundas. Mas por mais que a arte nos comova de forma reflexiva, a gente se expressa mesmo quando o drama é com a gente mesmo e, se há um lugar onde as emoções vêm à tona, este lugar é o aeroporto.

Se você é como eu, que gosta de observar a alegria e o drama alheio, te aconselho a passar uma ou duas horas num aeroporto. Basta um pequeno espaço de tempo e você verá como as pessoas se despem das máscaras e agem por instinto. Tem o executivo apressado que consegue ser doce ao telefone com um cliente e um ogro com os funcionários da companhia aérea. Tem a madame que desce do salto e apronta barraco porque extraviaram sua mala. Tem o famoso que arreganha um sorriso em frente às câmeras, mas usa chapéu, casaco e óculos escuros, orando a Deus para não ser reconhecido por fãs. É tanta verdade que te assusta.

Mas meus lugares favoritos são o embarque e o desembarque de passageiros, principalmente dos vôos internacionais. Em ambos há choro, mas a diferença é sutil fica do lado esquerdo do peito. As lágrimas caem no embarque porque o coração está do tamanho de uma ervilha, e como isso dói. Já no desembarque é um acúmulo de lágrimas que foi represada na ausência e agora as comportas já não retém de tanta saudade e até o mais bruto dos homens vira criança e abre o berreiro.

Que tal imaginar que o mundo é um grande aeroporto? E se a gente pudesse ser a gente mesmo, sem máscaras, sem pose, sem fingir algo que não é pra quem a gente nem conhece? Te assusta a ideia de ser quem você é? Já pensou que legal seria se pudéssemos, fora de aeroportos, dar longos abraços em nossos amigos e familiares e dizermos o quanto os amamos? Já parou pra pensar que aeroportos só nos emocionam pela consciência de que é possível, sim, que as pessoas que amamos podem não estar ao nosso lado para sempre?


Então viva como se a vida fosse um grande saguão de aeroporto com chegadas e partidas, ora temporárias, ora permanentes. Grite, chore, dance, ria, pule, corra e, acima de tudo, esteja em movimento. Pois aeroportos podem ter de tudo, menos emoções vazias. 

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