segunda-feira, 7 de dezembro de 2015

É TEMPO DE...

Até os 10 a gente aprende. Experimenta, explora, questiona e se conecta ao lugar onde a gente nasceu. E este lugar nada tem a ver com localização, mas com o nosso lugar no mundo. Quem sou eu? Quem são essas pessoas que sempre estão comigo? Qual é o sabor disso? E se eu pular daqui? E é aí que conhecemos o limite, a mínima noção do que posso e do que não posso.

Até os 20 a gente culpa. Culpa os hormônios que mudam nosso corpo de uma forma que a gente não pediu. Culpa nossos pais que não entendem as nossas necessidades e nos privam de muitas coisas que os pais dos nossos amigos permitem. Culpa as espinhas, a falta de liberdade, as pressões do vestibular e do mercado de trabalho. A gente se culpa pelo primeiro amor que não deu certo, pelo primeiro porre, pela primeira briga de amor, pelas primeiras dívidas.

Até os 30 a gente se estabelece. É tempo de estreitar os laços feitos que ainda existem e criar outros que podem perdurar pelo resto de nossas vidas. A gente se descobre profissionalmente, adquire maturidade e serenidade para se posicionar em praticamente todas as áreas de nossas vidas: pessoal, profissional, familiar, amorosa e agora também a espiritual. Embora a cobrança seja ainda maior que na adolescência a gente tem a consciência dos nossos objetivos e que as expectativas que os outros criam sobre a gente é de responsabilidade somente deles – e eles que lidem com isso. A gente ainda culpa, mas culpa os dias que ficam mais curtos perto de tanta coisa a fazer.

Ainda estou longe dos 40 e não ouso prever como será o caminho até lá, mas me atrevo a acreditar que seja a fase que a gente se perdoa. Já não há mais lugar para culpas em nossos pensamentos e, quando ela surge, são enfrentadas de forma bem racionais. Faz o melhor que pode com o que tem e, com o que não tem, entende que não há o que fazer. Dúvidas vão surgir durante toda a vida, mas a essa altura a gente já se conhece o suficiente para encarar de frente.


Claro que tudo que escrevi até agora são minhas verdades e cada um que crie e viva a sua. É que num momento em que tantos que com idade próximas a minha estão buscando se conhecer, se culpar ou se estabelecer, hoje eu só quero me perdoar. Te perdoar. Nos perdoar. Porque sem perdão só o que resta é peso e não nasci pra afundar.  

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