domingo, 16 de agosto de 2015

RECONHE'SER'

Parei uns instantes para enumerar quais as coisas que mais me incomodam em mim, quantas delas eu já resolvi e quantas ainda faltam. Apontar defeitos no outro requer apenas observação e um tanto razoável de senso crítico, mas pra se analisar a gente precisa ir além disso. É necessário nos confrontar com as mentiras que nos fazemos acreditar.

Nunca se consumiu tanta auto ajuda quanto agora. Análise deixou de ser luxo faz tempo. Mais que nunca sabemos o quanto somos especiais – e, de fato, somos -, mas nos esquecemos há uma certa distância entre ser e se sentir importante. Somos estrelas, mas em conjunto somos forçados a formar constelações, galáxias, universos. E é daí que vem nossa inquietação em se entender e, para que a missão seja cumprida, há que ter um pouco de dor.

Eu tinha uma diastema que sempre me incomodou e recentemente pude corrigir. Sempre fui maior que as crianças da minha idade e, por isso, muitas vezes fui proibido de participar de brincadeiras. Também por causa da altura, sou um pouco curvo (falar que sou corcunda seria exagero). Há meses procuro um par de patins que sirvam no meu pé. Nem sempre esses quase dois metros são uma dádiva. Nunca senti necessidade de possuir as coisas mais caras, você me fará feliz com pouco. Tenho gorduras localizadas e, só agora, estou aprendendo a viver em harmonia com elas (antes de exterminá-las). Acho meus olhos fundos demais. Estou longe de ser exemplo de beleza, mas a uma certa luz até que me acho bonito.

Faço de tudo pela felicidade dos meus, mas desde que isso esteja entre as coisas que quero fazer. Dificilmente você me verá em uma balada e, caso esteja, será ainda mais difícil que esteja transbordando de felicidade. Já aceitei que sou do dia e vivo bem assim. Sou teimoso e, às vezes, pirracento. Antes da realização financeira, procuro a realização pessoal. Não espere que eu te bajule, isso não vai acontecer. Não guardo mágoas, mas não perdoo fácil. Você pode ter o último grau de miopia, mas se eu te cumprimentei e você não respondeu pode ter certeza de que não olharei na sua direção enquanto você não vier a mim. Sou péssimo para devolver xingamentos (só penso em uma boa resposta horas depois). Engulo cada vez menos sapos, mas ainda sim, faço. Defeitos. Incômodos. Barreiras. E uma infinidade de outras coisas que preciso resolver ou aprender a conviver.


Vocês podem não perceber metade das coisas que disse aqui. Quando quero eu disfarço bem. Em meio a tanta gente querendo se conhecer, acredito que seja mais importante o ato de se reconhecer. Acredito que reconhecer-se e aceitar-se é uma válvula de escape para evitar diversos males e, entre eles, a depressão. Ser uma estrela é se reconhecer especial, mas também ter a humildade de entender que há um céu repleto de outras estrelas sedentas por mostrar seu brilho.

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