quinta-feira, 4 de julho de 2013

Marcela é publicitária. Clara, advogada. Marcela é extrovertida, trabalha com o que ama, mora com os pais e o irmão mais novo. Clara é extremamente tímida, formou-se em direito por imposição dos pais, mora sozinha e é alérgica a qualquer tipo de animal. Marcela faz planos para o futuro. Clara vive lá, pois não suporta a ideia estar no presente. Marcela mora em Brasília, Clara em Porto Alegre. Marcela é o oposto de Clara. Clara é o oposto de Marcela. Marcela e Clara talvez nunca vão se conhecer, mas uma coisa elas têm em comum: ambas sonham com o dia do seu casamento. 

A principal diferença entre Marcela e Clara neste aspecto, é que, enquanto Clara pensa que só após o casamento será feliz por completo, Marcela se considera completamente feliz e o casamento é uma das coisas que a compõe. Clara é pragmática em suas decisões, cheia de protocolos. Marcela é prática e leve nas coisas que diz. Enquanto uma planeja e peleja para ter seu happy end, a outra diz que o final é só quando a gente morre e, antes disso, tudo é festa. 

Marcela tem espírito daquelas modelos de comercial de margarina. Vive sorrindo, quase nada abala seu bom humor, canta no carro em meio ao trânsito, dança na chuva e adora, ADORA, surpresas. Foi pedida em casamento no meio do expediente, com a agência toda emocionada e boquiaberta com a criatividade de seu namorado. Disse “sim”, o abraçou e beijou como se nada mais existisse além dos dois. Que se dane a opinião alheia!

Clara pensou duas vezes antes de aceitar seu pedido de casamento, que foi feito também de surpresa em um almoço de domingo, em que somente a família estava. Não sabia onde enfiar a cabeça de tanta vergonha. Clara não sabe lidar com surpresas e pra ela tudo precisa ser pré-agendado com, no mínimo, uma semana de antecedência. Precisa se programar, se vestir adequadamente, usar o perfume certo, assim como as palavras.

Eu tenho pena de Clara. Vive deixando tudo pra depois e se esquece de que o futuro nunca chega. A gente nasce, cresce e morre no presente e é nele que precisamos viver. Marcela talvez nunca seja rica, vire empresária de sucesso ou deixe um grande legado, mas todos se lembrarão de como ela soube viver. Às vezes precisamos ser um pouco mais Marcela e menos Clara. Já que não temos controle de tudo, que ao menos tenhamos o controle de nossas reações.

Um comentário:

  1. Noooossa arrasou!
    Amei o texto.
    Você utilizou do tema casamento para "ilustrar" duas situações ou ações do ser humano distintas. Parabéns.
    Prefiro mil vezes ser Marcela ♥ apesar que acredito que todos tem um pouco das duas viu?!

    Super beijo

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