sexta-feira, 14 de junho de 2013

O que me faz brasileiro?


O que te faz sentir orgulho de ser brasileiro? Quando me fazia esta pergunta, a lista de respostas era imensa, hoje não sei. Pertenço a um país cuja localização geográfica é privilegiada, o clima é agradável, o povo é alegre e acolhedor e outra infinidade de qualidades que antes serviam de maquiagem para me cegar ao lado podre de tudo isso. Ontem, pela primeira vez, tive que me calar diante dos amigos que sempre insistiram em criticar o país enquanto eu elogiava. Senti vergonha de ser daqui.

Um país que começou errado, foi explorado, escravizado, libertado e, depois de tudo, marginalizado. Uma terra que julgaram ser descoberta, mas não estava aberta, onde trapacear é considerado coisa certa e, só agora, a população desperta. Uma nação que prega a democracia, mas usa da demagogia, pratica a idolatria e, agora, está aí, à reveria. Este, sim, é o meu Brasil.

Estamos mudos diante de tanta corrupção e, em qualquer instante de voz, somos atacados por balas de borracha, gás lacrimogênio e bombas de efeito moral. Mas que moral: A deles ou a nossa? Refiro-me a eles como as pessoas que prestam um desserviço e freiam o desenvolvimento do país. São Paulo, Rio e diversas outras cidades manifestam seu descontentamento contra o aumento das tarifas do transporte público, que nunca são revertidas em benefícios aos usuários. Passeatas pacíficas são transformadas em cenários de guerra por culpa de um Estado opressivo e banhado de culpa. 

Somos um só povo, mas de vários lados. Do lado de cá, uma população cansada de ser feita de idiota; do outro, policiais da linha de frente, representando o Estado e agindo com covardia, mediante ordens superiores; por fim, e longe das lentes das câmeras, os governantes, verdadeiros culpados. Esta é uma guerra em que somente inocentes se insultam e se ferem, enquanto nossos distintos políticos armam novas estratégias.

É contraditório usar a força como medida para manter a ordem. É desumano prender jornalistas que estavam lá somente para exercer sua função. É revoltante saber que poderia ser diferente, se os representantes pensassem em quem os colocou no poder. O que me conforta, mas ao mesmo tempo causa indignação, é que todos os países passam pela mesma situação, cada um com suas questões. 

Cansei, mas não desisti. O que me faz brasileiro é a esperança de que mesmo diante das adversidades, um dia venceremos, mas com honestidade. Há muito a ser feito e agora, mais do que nunca, é hora de ter a consciência de que algo precisa ser mudado e não devemos transferir a responsabilidade da renovação para os outros. Avante!

Nenhum comentário:

Postar um comentário