Onde
sobram mãos, falta tato.
Onde
sobram olhos, faltam olhares.
Onde
sobram bocas, faltam beijos.
Onde
sobram braços, faltam entregas.
Onde
sobram palavras, faltam verdades.
Mania
besta essa nossa de definir, traduzir e descrever o que, às vezes,
precisamos apenas sentir. Não há o que racionalizar num primeiro
beijo, não há ciência na paixão, não há filosofia que entenda a
ausência de razão, quando quem está no comando é a emoção.
O
que a gente precisa é de mais silêncio. Palavras engessam. Qualquer
tentativa de verbalizar o que sentimos podem ser vãs, pois o que te
expõe também pode te esconder. Quantos casais por aí trocaram
juras de amor eterno em relacionamentos onde há mentiras? Quantos
amigos colocaram a mão no fogo por alguém que, na verdade, o
enganava? Isso sem contar na política, mas isso é assunto para
outra pauta. Silêncios falam mais. Silêncios falam mais. Silêncios
falam mais.
A
repetição pode nos fazer entender melhor ou mesmo refutar qualquer
sentença. E repetir também é um ato de silêncio, já que o
cérebro se desliga de encontrar novos vocábulos e te aprofunda no
que antes eram apenas fonemas. Silêncios ralam mais porque no
silêncio não há erros, não há equívocos, não há mentiras.
Talvez haja alguma dúvida, mas até aí ao menos uma verdade já
existe. Quem está para falar a verdade, se mostra antes no silêncio.
No
silêncio há o que há, pois todos os silêncios sinalizam uma
verdade. E quando faltar a verdade, procure nos silêncios.
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