sexta-feira, 20 de setembro de 2013

Intervenções

Elas estão por toda parte: nas ruas, empresas, comércios e também nas relações. Diariamente somos surpreendidos por intervenções das mais variadas naturezas que nos obrigam a mudar nosso percurso e tomar um caminho diferente, muitas vezes desconhecido. Basta uma divergência, uma desarmonia ou um simples embate de idéias que logo chega alguém propondo uma mudança do acordo anterior.

Quem mora em cidade grande diariamente lida com as intervenções do trânsito. É alteração de circulação em ruas, implantação de semáforo em cruzamentos, rotatórias, lombadas e as infindas obras, tudo em prol do progresso. Acostumar-se a elas demanda tempo. Nos primeiros dias são erros, engarrafamentos e até alguns acidentes que, com o tempo, vão diminuindo. É a dinâmica das cidades: mudar para evoluir.

No universo corporativo as mudanças são constantes e quase sempre mal vistas pelos colaboradores. Circulares causam calafrios e memorandos deixam todos de orelha em pé. Mesmo antes de saber do que se trata, ouvem-se cochichos de “lá vem”, “de novo?” e até mesmo “ferrou, galera. Muito prazer e até qualquer dia”. Mas é vital pra qualquer instituição que queira manter-se de pé, pois o mercado muda, a legislação muda e são necessárias adaptações para que a empresa funcione de forma saudável para todos.

Intervenções de trânsito e no trabalho qualquer um tira de letra, já que está subentendido que é para o bem coletivo. Difícil mesmo é quando elas vêm no âmbito pessoal, em que quase sempre uma parte sai prejudicada e envolve sentimentos. A briga com um amigo de infância soa como se arrancassem parte do nosso passado. Raros são os divórcios em que o coração de um não sai sangrando. Mas a pior de todas é irreversível: quando a morte nos leva alguém que a gente aprendeu a amar.

Mudanças assim podem não ser imediatas. Levam tempo, dedicação e um esforço quase desumano para seguir em frente. Cada um enfrenta de um jeito e nenhum deles parece correto. Uns ocupam a cabeça para não lembrar, outros sofrem até a dor passar e há também os que lotam os consultórios psicológicos a fim de encontrar uma saída racional e indolor para o que está sentido. Não há.


Mas não importa de onde vêm as intervenções, a gente sempre segue em frente, independente do caminho. Desvios, mudanças e terapias são escolhas que tomamos todos os dias. Podem mudar o percurso, mas também podem mostrar novas e melhores maneiras de seguir em frente, mas, parar, nunca.

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