terça-feira, 3 de setembro de 2013

De que o acaso me protege?

Dia desses liguei meu iPod no shuffle, como de costume, e em um dos raros momentos em que não estou pensando em nada, tocou Epitáfio, dos Titãs. Lembro que na época em que foi lançada ela tocava incessantemente nas rádios, a ponto de me fazer enjoar em poucos dias, antes mesmo de entender sua mensagem. O grande problema das músicas massificadas é que repetimos tão automaticamente que sequer paramos para pensar e apreciar os arranjos, detalhes e letras.

 “O acaso vai me proteger enquanto eu andar distraído”, diz o refrão. Mas, peraí: de quê o acaso me protege? O que parece tão simples é de uma ambiguidade que me atormenta. Os mais simplistas responderão que ele não protege, apenas condiciona nossas ações para o que é mais concreto. Bullshit. Acredito, sim, na força do acaso e das circunstâncias que ele traz.

O acaso pode nos proteger do mal. Não é de hoje que circulam na internet relatos de pessoas que, por qualquer motivo, não embarcaram em um voo cuja aeronave cairia, horas depois. Telejornais entrevistam todos os anos pessoas que escaparam ilesas de grandes catástrofes por uma simples diarreia ou dor de cabeça. Acontece. Olha aí o acaso sendo um paizão e salvando a vida de inúmeras pessoas.

Mas o acaso também pode te proteger do bem. Li relatos de pessoas que viveram anos separados das pessoas que amavam por questões familiares. Fora as histórias que ainda não tiveram seu final feliz. Culpa do acaso. Você, que está solteiro, pode ter esbarrado com o homem ou a mulher da sua vida na fila do banco e nem percebeu. Você, pai, pode ter perdido a apresentação de fim de ano do seu filho na escola porque ficou até mais tarde no trabalho. Neste caso, o acaso afasta.


Cada caso, um acaso. E não cabe a nós compreender ou tentar mudar o que o acaso nos traz. A gente deve mesmo é reconhecer quando ele está ao nosso favor e, quando não estiver, paciência. Infelizmente a vida não tem manual de instruções e foi por acaso que dei mais um nó na minha cabeça. Continuo sem entender nada.

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