Dia desses liguei meu iPod no
shuffle, como de costume, e em um dos raros momentos em que não estou pensando
em nada, tocou Epitáfio, dos Titãs. Lembro que na época em que foi lançada ela
tocava incessantemente nas rádios, a ponto de me fazer enjoar em poucos dias,
antes mesmo de entender sua mensagem. O grande problema das músicas
massificadas é que repetimos tão automaticamente que sequer paramos para pensar
e apreciar os arranjos, detalhes e letras.
“O acaso vai me proteger enquanto eu andar
distraído”, diz o refrão. Mas, peraí: de quê o acaso me protege? O que parece
tão simples é de uma ambiguidade que me atormenta. Os mais simplistas
responderão que ele não protege, apenas condiciona nossas ações para o que é
mais concreto. Bullshit. Acredito, sim, na força do acaso e das circunstâncias
que ele traz.
O acaso pode nos proteger do mal.
Não é de hoje que circulam na internet relatos de pessoas que, por qualquer
motivo, não embarcaram em um voo cuja aeronave cairia, horas depois.
Telejornais entrevistam todos os anos pessoas que escaparam ilesas de grandes
catástrofes por uma simples diarreia ou dor de cabeça. Acontece. Olha aí o
acaso sendo um paizão e salvando a vida de inúmeras pessoas.
Mas o acaso também pode te
proteger do bem. Li relatos de pessoas que viveram anos separados das pessoas
que amavam por questões familiares. Fora as histórias que ainda não tiveram seu
final feliz. Culpa do acaso. Você, que está solteiro, pode ter esbarrado com o
homem ou a mulher da sua vida na fila do banco e nem percebeu. Você, pai, pode
ter perdido a apresentação de fim de ano do seu filho na escola porque ficou
até mais tarde no trabalho. Neste caso, o acaso afasta.
Cada caso, um acaso. E não cabe a
nós compreender ou tentar mudar o que o acaso nos traz. A gente deve mesmo é
reconhecer quando ele está ao nosso favor e, quando não estiver, paciência.
Infelizmente a vida não tem manual de instruções e foi por acaso que dei mais
um nó na minha cabeça. Continuo sem entender nada.
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