Dias atrás conversava com uma
amiga que tinha acabado de encerrar um ciclo amoroso em sua vida. Não era um
namoro, nem noivado, muito menos casamento. Era um daqueles casos em que a
gente está envolvido emocionalmente, mas não consegue saber exatamente qual o
seu lugar na vida do outro, bem comum hoje em dia. O importante é que ela
terminou uma coisa que talvez nem tenha começado e, aparentemente, não foi um
processo doloroso. E aí, por parte dos amigos, chovem abraços, convites para
uma cervejinha e o bom e velho discurso de que "agora é hora de partir pra
outra".
Mas que outra? A falta de
definição e as múltiplas interpretações podem nos levar a erros catastróficos.
Talvez por isso se mata e se morre tanto por questões religiosas. Talvez por
isso os especialistas do direito encontram tantas brechas nas leis. Talvez por
isso a gente pense diferente e discuta maneiras diferentes de se chegar ao
mesmo objetivo. O "talvez por isso" que pode mudar nossa vida de forma inimaginável.
Quando estamos fragilizados e
ainda presos ao fim de uma relação, partir pra outra nos remete automaticamente
a outra pessoa em nossas vidas. Como substituir um ator no meio de uma
temporada de teatro. Mesmo texto, mesmos cenários, mesmos personagens, só muda
o artista. E é aí que muita gente se desespera no discurso do não-consigo-ficar-sozinho-preciso-de-alguém-e-vai-ser-agora.
Começa então aquela jornada
interminável nos aplicativos, baladas, festas super animadas e aquela vontade
imensa de estar na cama, organizando as ideias. Mas não aceitam nada menos que
a felicidade intensa. Logo você, a figura mais animada da turma, a que organiza
churrascos, que propõe viagens de última hora e inventa qualquer motivo pra um
happy hour. Logo você vai querer ficar em casa? Vai. Logo você vai trocar um
barzinho com os amigos por um livro? Vai. Logo você vai se deixar abater por
algo que nem se oficializou? Vai.
Isso porque partir pra outra nem sempre significa outra pessoa. Pode ser outra
oportunidade, outra visão das coisas, outra vida. E partir pra outra implica automaticamente em sair da mesma. É aprender com o que passou para que repense seus
erros e aprimore seus acertos. É notar o que antes passava batido. É pensar que
não dá mais pra voltar ao que era. E, principalmente, entender a não fazer isso
pelos outros, mas por você.
Mas outra cerveja, outro abraço
amigo e outra história, estão permitidos.
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