Hoje pela manhã realizei um sonho
de décadas: vivi uma cena de comercial de margarina. Estava indo para o
trabalho de carro e ouvindo minhas músicas, como de costume, quando o shuffle me surpreendeu com o hit Celebration do Kool & the Gang. Fui tomado por uma energia que ainda não sei
explicar e não me contive: cantei a plenos pulmões. Mas o melhor momento foi
quando eu, preso no engarrafamento e hipnotizado pela música, não percebi que
berrava os refrãos em frente a um ponto de ônibus onde havia cerca de 10
pessoas, todas rindo.
Ao contrário do que possam
pensar, não me pareciam deboches, mas sintomas do contágio da alegria que
sentia ao cantar. Não eram risos, mas SORRISOS. Dentre todos os que estavam
ali, um em especial me chamou a atenção. Era de um senhor no auge de seus 60
anos que, ao me olhar, levantou seu dedo polegar e balbuciou um “bom dia”, um
dos mais sinceros que já vi. Respondi com um sorriso ainda maior e pensei: este
deve ter aproveitado cada hit desta época de tantos sucessos musicais. Estranho
como ainda hoje me sinto deslocado por não ter nascido na década de 60, curtido
a de 70 e caído nos embalos dos anos 80.
Incrível como o simples fato de
ouvir e cantar uma música, coisa que faz parte do meu roteiro diário, possa
soar como algo fora do cotidiano. Às vezes sinto que há um consenso de que
pessoas que vivem no meio urbano devem ser obrigatoriamente sisudas. Triste
mesmo é saber que a alegria não é rotina e que existe tanta gente de alma
pesada. Musica faz bem para a saúde, deixa a alma leve e ativa os neurônios.
Existem até terapias que usam a música para estimular pacientes em coma ou em
estado vegetativo. Medicamento sem contra indicações.
Estar em evidência nem sempre é
uma vantagem, mas no meu caso foi. Se com minha musica alta e meus berros
desafinados eu pude arrancar sorrisos e talvez melhorar o dia de alguém, pra
mim já valeu a pena. Se pudesse escolher uma missão seria esta: contribuir para
alegria alheia. Sei que não sou ator, não tenho veia cômica e muito menos levo
jeito para palhaço, mas quero sempre, ao meu jeito, garimpar sorrisos. Isso me
faz feliz. Poderia envelhecer fazendo isso.
Se for para ter rugas, que seja
de tanto sorrir. Se for para perder o controle e chorar, que seja em
gargalhadas. Se for para se perder, que seja em uma música que te traz boas
recordações. Se for para se achar, que seja nos pequenos gestos que fazem de
você uma pessoa melhor. Se for para evitar pessoas, que sejam aquelas que
trazem energias negativas. Por fim, que todos os beijos sejam de amor, que
todos os abraços sejam com respeito, que todas as vozes cantem a alegria e,
mais que tudo, que todos os sorrisos sejam sinceros e venham da alma.
Nossa Fred, muito bom! E isso que você falou da música tem muito sentido. É engraçado como cada música representa os nossos momentos. Quando estamos tristes recorremos às músicas e quando estamos alegres, também é à elas que recorremos.Além de que sempre vai ter uma música que vai nos descrever e que pensaremos que o compositor pensou apenas em nós quando a escreveu.
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