Que os defensores da boa gramática não nos ouçam, mas para
mim, amigo não é substantivo. Amigo é verbo. Ninguém nasce amigo. Este título é
conquistado por atos, palavras, silêncios, olhares, risos, choros... movimento.
Quer palavra melhor para definir tão belo vocábulo? Amigos causam movimentos na
alma e no coração. Se conhecem, se divertem, se consagram, se mudam, se ligam,
se encontram.
Com suas mais diversas conjugações, amigo transita
facilmente entre os tempos verbais e, sem que possamos perceber, se situa no
passado, presente e futuro sem necessidade de alterações. Usam da prosopopeia
ao resumir diálogos inteiros com apenas um olhar, “hiperbolizam” ao dar aquele
conselho milhões de vezes e não são muito adeptos de eufemismos. Amigo que é
amigo fala rasgado, em alto e bom tom.
Um ser sem amigos é sujeito sem predicado, verbo que não
conjuga, pronome indefinido. Colegas são falsos amigos, pois não conseguem se
conjugar no futuro. Amigos definem nosso caráter, interferem no nosso destino, moldam
nossa história. Sujeito que não se relaciona é oculto na sentença da vida.
Tanta gramática pra definir algo tão simples e tão concreto.
Tudo isso pra desejar que hoje, dia internacional do amigo, você saiba
valorizar quem realmente está ao seu lado. Que juntos possam dominar o mundo ou apenas
tomar uma cerveja num fim de tarde, mas que tenham momentos inesquecíveis. Que
assim como qualquer relação humana, ambos saibam reconhecer sua importância e
não deixar que a chama se apague. Pois sim, amigo é verbo.
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