Difícil é começar a verbalizar quando se tem muito a dizer.
Seja dizendo, escrevendo ou demonstrando, quase sempre metemos os pés pelas
mãos ao tentar passar para o outro aquilo que está dentro de nós e clama pra
sair. Olhares para o horizonte, silêncios e inquietudes se transformam em
atitudes involuntárias e, por mais que tentamos, eles estão sempre presentes.
Boca seca, mão fria e até aquela síndrome das pernas inquietas, tudo isso para
ser honesto com o outro e o deixar consciente da situação.
Você está ali, vulnerável e nu. Despido de quaisquer
convenções ou máscaras que escondam a verdade. Qualquer punhalada ou golpe não
previsto atravessará sua carne e atingirá direto o coração, causando uma
hemorragia que dói, e como dói. Mas força, você precisa dizer, ele precisa
ouvir e, por mais que não queiram, alguém há de se ferir.
O problema está quando a honestidade que você tanto preza se
transforma em via de mão única não vem da outra parte. Quando há coisas a se
dizer e, por algum motivo, não são verbalizadas. Quando é mais que notório que
algo aconteceu ou está prestes aconteceu e então... silêncio. Um silêncio que
grita, perturba, tira o sono e a paz. Um silêncio que era pra ser sinônimo de
vazio e, ao contrário, significa muito a se dizer, muito a se sentir, mas falta
coragem.
Pausas como estas nos deixam insones e dão margem para uma
série de questionamentos e uma infinidade de histórias inventadas. As mais
trágicas, diga-se de passagem. Mas, guardadas as devidas proporções, você não
passa de um mero ouvinte e lhe cabem duas alternativas: relevar e pensar que,
de fato, não seja nada, ou então ir em busca da verdade. Mas, meu amigo, caso
tenha escolhido a segunda alternativa, prepare-se, pois pode ser a reclamação
mais infantil e infundada ou a realização das tuas temidas histórias
inventadas.
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