sexta-feira, 13 de maio de 2016

VERSUS

Vislumbro o tempo em que 2016 será conhecido como o ano das rivalidades, pelo menos no Brasil. Ainda nem terminamos o primeiro semestre e nos colocaram em constantes discussões, nos obrigando um posicionamento, mesmo contra nossa vontade. É esquerda versus direita, petralha versus coxinha, os pró versus contra o impeachment da presidenta eleita em 2014. E como se não bastasse, a indústria cinematográfica de Hollywood nos obrigou a escolher nossos lados: Baman ou Super Man? Capitão América ou Homem de Ferro?

Nos obrigam a ter opiniões formadas e coerentes, porém extremas. E se eu não quiser escolher? E se, politicamente falando, meus ideais não forem de encontro aos interesses da esquerda ou da direita? E se, porventura, eu considerar que o melhor lado não me foi apresentado? E se, por senso crítico, eu desconfiar de tudo que me é imposto? Aí me chamam de indeciso, subversivo ou utópico. Como se o campo do conhecimento tivesse linhas marcadas e intransponíveis.

Há quem prefira essa polarização por idealismo extremo ou por preguiça de montar sua própria linha de pensamento, mas eu considero a verdade como figura dinâmica. A verdade para mim é como um cubo mágico. São diversos lados desorganizados. A gente sempre termina de organizar uma cor pra começar a outra, mas para que as outras cores também se organizem é preciso mexer na que já está formada. E os governos são as mãos responsáveis por formatar e harmonizar esses lados.

As brigas e divergências vêm do egoísmo, geralmente da classe dominante. Não aceita perder seus privilégios para que outros possam ter um mínimo de dignidade. Seu lado, organizado e polido desde os primórdios da humanidade, considera absurdo reduzir seus lucros em prol de um bem comum. De fato ninguém gosta de perder, mas quem muito olha para o umbigo perde a beleza do horizonte.


O que podemos tomar de exemplo dos filmes Batman vs. Superman e Capitão América vs. Homem de Ferro, lançados este ano? Ambos os lados são bons, ambos os lados têm suas razões, ambos os lados entram num embate (e que o nosso fique apenas no campo das ideias, por favor!), mas no fim eles entendem que são melhores juntos e que quase sempre os verdadeiros vilões estão fora do combate, comendo pipoca e dando altas gargalhadas em suas poltronas.

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