Vislumbro o tempo em que 2016 será conhecido como o
ano das rivalidades, pelo menos no Brasil. Ainda nem terminamos o primeiro
semestre e nos colocaram em constantes discussões, nos obrigando um
posicionamento, mesmo contra nossa vontade. É esquerda versus direita, petralha
versus coxinha, os pró versus contra o impeachment da presidenta eleita em
2014. E como se não bastasse, a indústria cinematográfica de Hollywood nos
obrigou a escolher nossos lados: Baman ou Super Man? Capitão América ou Homem
de Ferro?
Nos obrigam a ter opiniões formadas e coerentes, porém
extremas. E se eu não quiser escolher? E se, politicamente falando, meus ideais
não forem de encontro aos interesses da esquerda ou da direita? E se,
porventura, eu considerar que o melhor lado não me foi apresentado? E se, por
senso crítico, eu desconfiar de tudo que me é imposto? Aí me chamam de
indeciso, subversivo ou utópico. Como se o campo do conhecimento tivesse linhas
marcadas e intransponíveis.
Há quem prefira essa polarização por idealismo
extremo ou por preguiça de montar sua própria linha de pensamento, mas eu
considero a verdade como figura dinâmica. A verdade para mim é como um cubo
mágico. São diversos lados desorganizados. A gente sempre termina de organizar
uma cor pra começar a outra, mas para que as outras cores também se organizem é
preciso mexer na que já está formada. E os governos são as mãos responsáveis
por formatar e harmonizar esses lados.
As brigas e divergências vêm do egoísmo, geralmente
da classe dominante. Não aceita perder seus privilégios para que outros possam ter
um mínimo de dignidade. Seu lado, organizado e polido desde os primórdios da
humanidade, considera absurdo reduzir seus lucros em prol de um bem comum. De
fato ninguém gosta de perder, mas quem muito olha para o umbigo perde a beleza
do horizonte.
O que podemos tomar de exemplo dos filmes Batman
vs. Superman e Capitão América vs. Homem de Ferro, lançados este ano? Ambos os
lados são bons, ambos os lados têm suas razões, ambos os lados entram num
embate (e que o nosso fique apenas no campo das ideias, por favor!), mas no fim
eles entendem que são melhores juntos e que quase sempre os verdadeiros vilões
estão fora do combate, comendo pipoca e dando altas gargalhadas em suas
poltronas.
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