sexta-feira, 2 de março de 2012




Acabo de assistir ao último capítulo de A Vida da Gente, uma das novelas que mais me fascinou nesses quase 25 anos de existência. E olha que não foram poucas. Aos fãs inveterados de novelas globais, que esperavam um encerramento cheio de fortes emoções, reviravoltas, sequestros e perseguições policiais, este desfecho foi deveras decepcionante. Creio que de forma simples e objetiva, os autores Lícia Manzo e Marcos Bernstein souberam conduzir o telespectador a um final estranhamente comum, retratando o cotidiano e fazendo jus ao título da trama.

Uma história sem vilão, sem planos mirabolantes, casos policiais, assassinatos e assuntos que já estamos saturados de tanto ver. Apenas histórias comuns, que poderiam ter acontecido comigo, você, sua irmã, seu vizinho, o zé da padaria ou qualquer pessoa comum. Assim começou, assim terminou. E me fez perceber que boas tramas não precisam de mocinhos e vilões. A própria vida se encarrega de tudo e mostra que todos somos vítimas de nossa trajetória.

Até mesmo as consideradas "vilãs" Eva e Vitória, interpretadas por Ana Beatriz Nogueira e Gisele Fróes, respectivamente, não receberam o tão esperado castigo final de todo fim de novela. Pois assim é a vida. Nem sempre as pessoas que se comportam de forma contrária ao que a "sociedade" prega são más ou merecem castigo. Elas são assim e pronto. Elas podem ser castigadas por isso. Ou não. Elas podem um dia aprender. Ou não. Elas até mesmo poderiam se dar bem sendo do jeito que são. Quem poderá prever?

Agora vem o paradoxo: num mundo em que o espetaculoso é arroz com feijão, o megalomaníaco nos seduz e o sensacional nos enche os olhos, é no mínimo inusitado se impressionar tanto com o comum. Bom seria se nossa rotina voltasse a ser simples, comum e trivial. Nos pouparia esforços as vezes desnecessários.

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